domingo, 19 de julho de 2009

Desculpem se parece conversa fiada

Existe um mundo, que me estava talvez destinado, que é um mundo repleto de miúdos e miúdas que cantam o fado e tocam viola e andam a cavalo. Cheiram bem e têm sorrisos brancos e sonham com famílias estáveis com o homem a vestir as calças, a mulher submissa, os filhos imensos e loiros, com nomes como Salvador, João Maria, Benedita e Leonor. As pessoas cumprimentam-se com um beijo e distribuem sorrisos convencionais por todas, mas também olhares de desdém e reprovação quando são necessários.

Mas eu, eu sinto-me deslocada nesse mundo, sou um espírito livre, não sei ser bem, nem sei quais são os truques das conversas de circunstância.

Dou dois beijos (porque é um que eu dou e outro que a outra pessoa dá) e não sonho com quintas e cavalos (mas sim com alguns filhos, quaisquer sejam os seus nomes, formas e feitios), digo prenda ou vermelho quando calha. Sei que por isso algumas pessoas me vêem com um olhar de condescendência, como se isso me fizesse ser inferior, mas sinceramente não quero saber - posso ter querido saber quando era mais nova e queria sentir-me inserida, mas vamos conhecendo tanta gente ao longo da vida, e começamos a perceber o que é realmente importante.

Para além disso, gosto de fazer amigos em qualquer lado e dizer ciao se me apetecer. Já tenho os meus próprios sonhos para perseguir, não posso preocupar-me com os sonhos que outros um dia tiveram para mim.

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