domingo, 6 de maio de 2012

Day Three - Part One - And the music never stopped

"E, 'inda tonto do que houvera", lá começámos nós o terceiro dia, receosos do que estava para vir, porque não conhecíamos nem Shylock, nem Patrizio Fariselli.

Mas antes, houve uma conferência muito interessante, como já é hábito, na Biblioteca Vergílio Ferreira, sobre "Writing about music". O Thomas Olsson, já calejado nestas andanças, fez de moderador, e o orador principal era este senhor. Falou-se de como muitas vezes os críticos de música escreviam coisas cruéis sobre os artistas com o único intuito de se auto-promoverem. O próprio Sid Smith fez mea culpa admitindo que também ele já fora "nasty" para alguns artistas, e que hoje em dia isso já não lhe fazia sentido nenhum. Isto não quer dizer que não possa fazer críticas negativas - aliás, as críticas negativas podem também ajudar um artista -, simplesmente não faz comentários maldosos apenas para ser espirituoso, por exemplo.

Pode dizer-se que o Sid começou a sua carreira muito cedo, quando a professora de História do liceu lhe pediu para escrever uma composição e ele propôs-se escrever sobre uma banda. Teve uma óptima nota e desde cedo se apercebeu que conseguia fazer o que gostava - escrever sobre música - "and get away with it". e concluiu ironicamente: "e, claro, no fim do trabalho vou para o meu iate em Malibu".

Depois, chamaram os músicos à mesa e também eles partilharam as suas experiências - também nenhum deles tem um iate em Malibu; aliás, os Strawbs tiveram até de pedir um "adiantamento" aos fãs mais acérrimos para conseguirem gravar o próximo álbum.

Esta conversa deixou-me pensativa. De facto ali estava uma série de pessoas que, apesar de lacking na parte dos iates em Malibu, gostam do que fazem e estão rodeados das pessoas que eles escolheram para irem com eles na sua aventura. E nós, comuns mortais, que tantas vezes passamos a maior parte do nosso dia a fazer coisas que não gostamos e ao pé de gente que não gosta de nós. Deu-me cá uma vontade de pegar nos meus trapinhos e ir com eles (com quem quer que fosse!) para onde a estrada nos levasse...! Como naqueles dias em que pensamos, e se eu não sair na minha paragem, e se seguir a carreira até ao fim, e se agora não subir para o escritório mas ficar antes a conhecer a pé aquelas ruelas que despertam a curiosidade quando as vemos de relance do carro? E se em vez de continuar a caminhar para onde quer que esteja a ir, parasse aqui? E se um dia dissesse tudo o que penso de todos aqueles que já me magoaram a mim ou àqueles de quem gosto, um dia?

Mas considerações melancólicas aparte, ainda houve tempo para um improviso do Thijs (como também já vem sendo habitual), em forma de hino ao GAR (eu e o P. estamos lá atrás).



E depois de mais um almoço n'O Jardim, lá fomos para o Cine-Teatro, à espera de... Shylock...

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