Nesta conversa, A stands for "random guy parecido com o tipo com ar mais apalermado do Top Gear" e B stands for "Eu". O cenário é uma estação de metro. Eu sento-me ao lado do tal senhor, com uma cadeira de intervalo.
A: Posso fazer uma pergunta? (ou colocar uma questão, não me lembro das palavras precisas)
B: ...Sim...
A: Consegue ler nos transportes públicos?
B: Bem, depende, no metro consigo, no autocarro não.
A: Mas consegue ler a sério? Consegue concentrar-se?
B: Ah, concentrar-me...! Sim, claro, perfeitamente.
A: Eu não consigo. Bem, boa leitura.
B: Obrigada.
(Entretanto senta-se uma mulher entre nós os dois. Depois chega o metro, entramos, e ficamos lado a lado - eu a tentar continuar o livro que estava a ler, eis senão quando...)
A: A questão que eu ponho é a seguinte - para uma pessoa que escreve livros, as pessoas estarem a ler o livro assim no meio da confusão dos transportes públicos...
B (já com um sorriso amarelo): Pois, depende da capacidade de concentração de cada um...
A: É que eu, para ler um livro, preciso de estar num sítio calmo - não interessa se é o campo, a cama,... Mas vocês, jovens, lá sabem....!
B: ...
A: Ou então sou eu que não sei ler.
B: ...
A: Que é muito provável.
B: ...
E depois saí na minha estação.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Quando começas a tratar a morte por tu, e já sabes de cor as lágrimas, apesar de cada sobressalto ser sempre diferente, ainda que o tenhas ensaiado com terror mil e uma vezes na tua mente, as dores com cambiantes tão subtis, mas que existem... Quando começas a tratar a morte por tu, é preciso ter cuidado, porque nem todos tratam a morte por tu, e não podes andar por aí a falar da morte sem pudor, como se fosses tão íntima, como se fosses super-humana, como se já a tivesses conhecido na primeira pessoa, não podes, não é justo. Assustas as pessoas à tua volta, afastas as pessoas à tua volta, tornas-te qualquer coisa estranha, disforme, incómoda.
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