E Shylock (os franceses) foi uma grande surpresa! Podem ouvi-los aqui. Fiquei com vontade de comprar os álbuns (são só dois, tiveram uma vida curta) mas eles não os tinham trazido... Os tipos não tocavam ao vivo há mais de 30 anos, e a reunião foi no GAR! Rock progressivo sinfónico com grande personalidade (sim, eu não sei falar de música). Podem ouvir esta entrevista com o Frédéric L'Epée no País Relativo.
Depois de Shylock, encontrámos o Dave Cousins ao pé do hotel e fomos falar com ele. O P. disse-lhe que quando me estava a "cortejar" me enviava músicas dos Strawbs e, claro, o Dave respondeu: "And she's still with you?!"
Mais tarde, durante o concerto deles, quando ele disse que havia pessoas que lhe diziam "We married to one of your songs" pensei que ele fosse falar nesse episódio connosco, mas não falou...
But first things first, antes de Strawbs houve ainda oportunidade para ouvir Patrizio Fariselli, uma espécie de urso grande mas carinhoso, um pianista carismático e com algum sentido de humor. Não foi de grandes emoções, mas foi muito agradável.
E, por fim (nós não vimos Focus porque já tínhamos visto em 2009 e já ficava tarde para voltar para Lisboa), os Strawbs. Foi espectacular! O ambiente era de misterioso e "eery", e o Dave Cousins foi contando a viagem da banda, com ar de contador de histórias, com ajuda das várias canções. A certa altura referiu-se à Poor Jimmy Wilson e eu fiquei toda contente a pensar que a iam tocar, mas não - era uma referência a um episódio que se passou num programa da BBC (?) em que eles estavam a tocar a música e o David Bowie estava a fazer a mímica em underpants (??), mas que pelos vistos foi destruído pela própria BBC (???). Se alguém encontrar o vídeo, avise! Mas tocaram a The Man Who Called Himself Jesus e a The Hangman and The Papist, entre outras. O Dave Lambert é um grande, grande, guitarrista! Que potência! E a voz do Dave Cousins arrepia às vezes, como na The Hangman and The Papist, quando o miúdo que vai ser o hangman descobre que tem de executar o próprio irmão. Eles não tocaram esta, mas oiçam-na, porque sim.
E assim se passou mais um GAR e nós saímos de coração cheio.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
Day Three - Part One - And the music never stopped
"E, 'inda tonto do que houvera", lá começámos nós o terceiro dia, receosos do que estava para vir, porque não conhecíamos nem Shylock, nem Patrizio Fariselli.
Mas antes, houve uma conferência muito interessante, como já é hábito, na Biblioteca Vergílio Ferreira, sobre "Writing about music". O Thomas Olsson, já calejado nestas andanças, fez de moderador, e o orador principal era este senhor. Falou-se de como muitas vezes os críticos de música escreviam coisas cruéis sobre os artistas com o único intuito de se auto-promoverem. O próprio Sid Smith fez mea culpa admitindo que também ele já fora "nasty" para alguns artistas, e que hoje em dia isso já não lhe fazia sentido nenhum. Isto não quer dizer que não possa fazer críticas negativas - aliás, as críticas negativas podem também ajudar um artista -, simplesmente não faz comentários maldosos apenas para ser espirituoso, por exemplo.
Pode dizer-se que o Sid começou a sua carreira muito cedo, quando a professora de História do liceu lhe pediu para escrever uma composição e ele propôs-se escrever sobre uma banda. Teve uma óptima nota e desde cedo se apercebeu que conseguia fazer o que gostava - escrever sobre música - "and get away with it". e concluiu ironicamente: "e, claro, no fim do trabalho vou para o meu iate em Malibu".
Depois, chamaram os músicos à mesa e também eles partilharam as suas experiências - também nenhum deles tem um iate em Malibu; aliás, os Strawbs tiveram até de pedir um "adiantamento" aos fãs mais acérrimos para conseguirem gravar o próximo álbum.
Esta conversa deixou-me pensativa. De facto ali estava uma série de pessoas que, apesar de lacking na parte dos iates em Malibu, gostam do que fazem e estão rodeados das pessoas que eles escolheram para irem com eles na sua aventura. E nós, comuns mortais, que tantas vezes passamos a maior parte do nosso dia a fazer coisas que não gostamos e ao pé de gente que não gosta de nós. Deu-me cá uma vontade de pegar nos meus trapinhos e ir com eles (com quem quer que fosse!) para onde a estrada nos levasse...! Como naqueles dias em que pensamos, e se eu não sair na minha paragem, e se seguir a carreira até ao fim, e se agora não subir para o escritório mas ficar antes a conhecer a pé aquelas ruelas que despertam a curiosidade quando as vemos de relance do carro? E se em vez de continuar a caminhar para onde quer que esteja a ir, parasse aqui? E se um dia dissesse tudo o que penso de todos aqueles que já me magoaram a mim ou àqueles de quem gosto, um dia?
Mas considerações melancólicas aparte, ainda houve tempo para um improviso do Thijs (como também já vem sendo habitual), em forma de hino ao GAR (eu e o P. estamos lá atrás).
E depois de mais um almoço n'O Jardim, lá fomos para o Cine-Teatro, à espera de... Shylock...
Mas antes, houve uma conferência muito interessante, como já é hábito, na Biblioteca Vergílio Ferreira, sobre "Writing about music". O Thomas Olsson, já calejado nestas andanças, fez de moderador, e o orador principal era este senhor. Falou-se de como muitas vezes os críticos de música escreviam coisas cruéis sobre os artistas com o único intuito de se auto-promoverem. O próprio Sid Smith fez mea culpa admitindo que também ele já fora "nasty" para alguns artistas, e que hoje em dia isso já não lhe fazia sentido nenhum. Isto não quer dizer que não possa fazer críticas negativas - aliás, as críticas negativas podem também ajudar um artista -, simplesmente não faz comentários maldosos apenas para ser espirituoso, por exemplo.
Pode dizer-se que o Sid começou a sua carreira muito cedo, quando a professora de História do liceu lhe pediu para escrever uma composição e ele propôs-se escrever sobre uma banda. Teve uma óptima nota e desde cedo se apercebeu que conseguia fazer o que gostava - escrever sobre música - "and get away with it". e concluiu ironicamente: "e, claro, no fim do trabalho vou para o meu iate em Malibu".
Depois, chamaram os músicos à mesa e também eles partilharam as suas experiências - também nenhum deles tem um iate em Malibu; aliás, os Strawbs tiveram até de pedir um "adiantamento" aos fãs mais acérrimos para conseguirem gravar o próximo álbum.
Esta conversa deixou-me pensativa. De facto ali estava uma série de pessoas que, apesar de lacking na parte dos iates em Malibu, gostam do que fazem e estão rodeados das pessoas que eles escolheram para irem com eles na sua aventura. E nós, comuns mortais, que tantas vezes passamos a maior parte do nosso dia a fazer coisas que não gostamos e ao pé de gente que não gosta de nós. Deu-me cá uma vontade de pegar nos meus trapinhos e ir com eles (com quem quer que fosse!) para onde a estrada nos levasse...! Como naqueles dias em que pensamos, e se eu não sair na minha paragem, e se seguir a carreira até ao fim, e se agora não subir para o escritório mas ficar antes a conhecer a pé aquelas ruelas que despertam a curiosidade quando as vemos de relance do carro? E se em vez de continuar a caminhar para onde quer que esteja a ir, parasse aqui? E se um dia dissesse tudo o que penso de todos aqueles que já me magoaram a mim ou àqueles de quem gosto, um dia?
Mas considerações melancólicas aparte, ainda houve tempo para um improviso do Thijs (como também já vem sendo habitual), em forma de hino ao GAR (eu e o P. estamos lá atrás).
E depois de mais um almoço n'O Jardim, lá fomos para o Cine-Teatro, à espera de... Shylock...
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Day Two - "Abrenúncio Satanás!"
Pois é, o título é retirado da canção Encontrei um Pensamento, mas a exclamação é dirigida às três bandas que se seguiram.
Mas começando pelo princípio, só conhecia esta canção d'A Presença das Formigas, e gostava bastante, mas uma canção é só uma canção e uma banda ao vivo pode deixar muito a desejar em relação à gravação... Mas não restaram dúvidas, os tipos são óptimos! A Teresa Campos tem uma voz muito bonita, as músicas são divertidas e as letras muito boas. E eu sei que não sou especialista, mas pareceu-me que são todos grandes músicos. Claro que comprei o CD (Ciclorama). A única sugestão que lhes faria seria talvez que aproveitassem mais o visual - por exemplo, na Sátira a Leanor até podiam vestir qualquer coisa mais medieval/renascentista e propositadamente folclórica.
Sigaram-se os Calomito, banda italiana, com o baterista logo a abrir muito simpático a largar o Ciao! divertido. Até aqui muito bem. O pior foi quando começaram a tocar. Eu sou suspeita, porque, como me vim a aperceber, não gosto mesmo nada deste estilo do progressivo sinfónico a tender para o sombrio. Para mim, foram aborrecidos. Aliás, bastava olhar para o próprio violinista (um tipo parecido com o Emile, o irmão do Remy no Ratatouille) para ver que também ele estava aborrecido com a música.
No intervalo, dirigimo-nos ao bar, onde vimos o Dave Lambert sozinho a beber uma cerveja. Não perdemos a oportunidade de ir lá falar com ele. Foi super simpático, apesar de estar meio zonzo - eles tinham acabado de dar um concerto no dia anterior em Londres... O P. lá lhe perguntou imensas coisas e depois quando tocou a corneta para os Änglagard eu tive a infeliz ideia de dizer que tínhamos de ir andando... Mais tarde vim a arrepender-me, porque os Änglagard são outros que tocam só notas frias e têm aquele ar meio pseudo.
Fomos jantar na tasca do costume, uma sopa que já tinha sido reservada no dia anterior e uns hamburgers. E depois voltámos para mais uma estopada de tipos a tocar rock de pauta (???!!!), sempre dentro daquele ambiente sombrio e gelado (Univers Zéro). O P. até ficou maldisposto...
Não sou obviamente contra virem bandas deste género ao GAR, até porque há muitos fãs, achei apenas estranho o facto do dia ser tão pouco variado - nunca tinha visto um dia do GAR tão "monotema". Mas foi bom ouvir os Portugueses e saber que às vezes os artistas também conseguem ver o nosso sorriso por entre as luzes da ribalta.
Mas começando pelo princípio, só conhecia esta canção d'A Presença das Formigas, e gostava bastante, mas uma canção é só uma canção e uma banda ao vivo pode deixar muito a desejar em relação à gravação... Mas não restaram dúvidas, os tipos são óptimos! A Teresa Campos tem uma voz muito bonita, as músicas são divertidas e as letras muito boas. E eu sei que não sou especialista, mas pareceu-me que são todos grandes músicos. Claro que comprei o CD (Ciclorama). A única sugestão que lhes faria seria talvez que aproveitassem mais o visual - por exemplo, na Sátira a Leanor até podiam vestir qualquer coisa mais medieval/renascentista e propositadamente folclórica.
Sigaram-se os Calomito, banda italiana, com o baterista logo a abrir muito simpático a largar o Ciao! divertido. Até aqui muito bem. O pior foi quando começaram a tocar. Eu sou suspeita, porque, como me vim a aperceber, não gosto mesmo nada deste estilo do progressivo sinfónico a tender para o sombrio. Para mim, foram aborrecidos. Aliás, bastava olhar para o próprio violinista (um tipo parecido com o Emile, o irmão do Remy no Ratatouille) para ver que também ele estava aborrecido com a música.
No intervalo, dirigimo-nos ao bar, onde vimos o Dave Lambert sozinho a beber uma cerveja. Não perdemos a oportunidade de ir lá falar com ele. Foi super simpático, apesar de estar meio zonzo - eles tinham acabado de dar um concerto no dia anterior em Londres... O P. lá lhe perguntou imensas coisas e depois quando tocou a corneta para os Änglagard eu tive a infeliz ideia de dizer que tínhamos de ir andando... Mais tarde vim a arrepender-me, porque os Änglagard são outros que tocam só notas frias e têm aquele ar meio pseudo.
Fomos jantar na tasca do costume, uma sopa que já tinha sido reservada no dia anterior e uns hamburgers. E depois voltámos para mais uma estopada de tipos a tocar rock de pauta (???!!!), sempre dentro daquele ambiente sombrio e gelado (Univers Zéro). O P. até ficou maldisposto...
Não sou obviamente contra virem bandas deste género ao GAR, até porque há muitos fãs, achei apenas estranho o facto do dia ser tão pouco variado - nunca tinha visto um dia do GAR tão "monotema". Mas foi bom ouvir os Portugueses e saber que às vezes os artistas também conseguem ver o nosso sorriso por entre as luzes da ribalta.
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quarta-feira, 2 de maio de 2012
Day One - "Vive la Nation!"
Às 17h já tínhamos deixado Lisboa para trás. Chegámos à Quinta das Cegonhas com tempo, depois de termos parado a meio do caminho para comer as sanduíches previamente preparadas. Levantámos os bilhetes no Cine-teatro pouco antes das 21h e, momentos depois, lá estávamos nos lugares do costume, ou mais ou menos, e a olhar em volta para as caras do costume (ainda que faltassem algumas que só apareceram mais tarde, ou no dia seguinte).
A primeira banda a actuar foram os franceses Lazuli. Não conhecia a banda, mas pareceu-me uma mistura de rock progressivo sinfónico com metal e alguns toques de música árabe, provavelmente influências do filho do Bin Laden. Ah, porque a banda era composta por cinco elementos, um baterista e um teclista com um ar "normal", um tipo no léode (um instrumento original do grupo) que poderia ser um representante da raça humana n'O Senhor dos Anéis, enquanto que o guitarrista/vocalista era um dos elfos. E o filho do Bin Laden, perguntam vocês? Era um guitarrista com barba à talibã e cabelos compridos com rastas. Em relação à música, para mim é muito estranho ouvir metal em francês, sobretudo com uma voz límpida como a de Leonetti. Mas ainda assim achei engraçada. Para além disso, os tipos eram divertidos, e o vocalista tentou falar sempre em português, o que é sempre agradável. Aqui fica a fotografia melhorzinha (ah, pois, porque esqueci-me de levar a máquina fotográfica e tivemos de tirar as fotografias com o telemóvel - não que com a minha máquina ficassem muito melhores...).
E podem ouvir esta música, Capitaine Couer de Miel (atenção, o tipo do xilofone não estava em Gouveia - eu nunca o apelidaria de "normal"...).
Depois, vieram os Curved Air, banda "velhinha", mas que eu também não conhecia particularmente bem. Ainda assim, tocaram todas as 4 ou 5 músicas que eu conhecia, incluindo a Phantasmagoria (abstraiam-se do tipo alemão que aparece ao princípio) e a Backstreet Luv. Não tocaram com o Darryl Way, mas o Paul Sax não lhe ficava atrás (bem, eu não sou especialista no violino, mas...) - é verdade, dão-se alvíssaras a quem descobrir a idade deste senhor - eu dizia que estava mais perto dos 70 e o Pedro que não passava dos 60. Para além disso, a Sonja Kristina está em grande forma, a dançar, saltar e dar gritos dignos de qualquer bom vocalista de rock (devo lembrar-vos que esta senhora completou no passado dia 14 de Abril 63 anos)! O comentário mais depreciativo do P. foi que a estrutura musical deles era muito repetitiva: introdução, Sonja Kristina a cantar, solos, Sonja de novo... Mas foi um espectáculo divertido e só tive pena que o público não tivese aderido à sugestão da SK de se levantar e dançar na última música, Stretch. Aqui vai a fotografia menos má...
Próximo dia em breve...
...e lembrem-se: "Don't send for the doctor, he'll just give you pills"!
A primeira banda a actuar foram os franceses Lazuli. Não conhecia a banda, mas pareceu-me uma mistura de rock progressivo sinfónico com metal e alguns toques de música árabe, provavelmente influências do filho do Bin Laden. Ah, porque a banda era composta por cinco elementos, um baterista e um teclista com um ar "normal", um tipo no léode (um instrumento original do grupo) que poderia ser um representante da raça humana n'O Senhor dos Anéis, enquanto que o guitarrista/vocalista era um dos elfos. E o filho do Bin Laden, perguntam vocês? Era um guitarrista com barba à talibã e cabelos compridos com rastas. Em relação à música, para mim é muito estranho ouvir metal em francês, sobretudo com uma voz límpida como a de Leonetti. Mas ainda assim achei engraçada. Para além disso, os tipos eram divertidos, e o vocalista tentou falar sempre em português, o que é sempre agradável. Aqui fica a fotografia melhorzinha (ah, pois, porque esqueci-me de levar a máquina fotográfica e tivemos de tirar as fotografias com o telemóvel - não que com a minha máquina ficassem muito melhores...).
E podem ouvir esta música, Capitaine Couer de Miel (atenção, o tipo do xilofone não estava em Gouveia - eu nunca o apelidaria de "normal"...).
Depois, vieram os Curved Air, banda "velhinha", mas que eu também não conhecia particularmente bem. Ainda assim, tocaram todas as 4 ou 5 músicas que eu conhecia, incluindo a Phantasmagoria (abstraiam-se do tipo alemão que aparece ao princípio) e a Backstreet Luv. Não tocaram com o Darryl Way, mas o Paul Sax não lhe ficava atrás (bem, eu não sou especialista no violino, mas...) - é verdade, dão-se alvíssaras a quem descobrir a idade deste senhor - eu dizia que estava mais perto dos 70 e o Pedro que não passava dos 60. Para além disso, a Sonja Kristina está em grande forma, a dançar, saltar e dar gritos dignos de qualquer bom vocalista de rock (devo lembrar-vos que esta senhora completou no passado dia 14 de Abril 63 anos)! O comentário mais depreciativo do P. foi que a estrutura musical deles era muito repetitiva: introdução, Sonja Kristina a cantar, solos, Sonja de novo... Mas foi um espectáculo divertido e só tive pena que o público não tivese aderido à sugestão da SK de se levantar e dançar na última música, Stretch. Aqui vai a fotografia menos má...
Próximo dia em breve...
...e lembrem-se: "Don't send for the doctor, he'll just give you pills"!
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